Ela me disse uma coisa horrível

Acordei com a luz do sol no meu rosto, que havia passado pela brecha da persiana, olhei para o lado e não a vi. Era uma manhã fria de quarta-feira, o dia estava perfeito para ela, sua maneira de ler sempre no mesmo lugar do apartamento com os pés encostados no vidro gelado da janela, fazia aquilo tudo valer a pena mesmo em um dia chuvoso. Ela lançou-me um olhar diferente e, com uma feição mais propícia a estragar toda aquela magia, disse que o táxi já estava esperando e que essa era a hora de nos despedimos como havíamos combinado ontem. Não conseguia entender porque ela estava fazendo isso, porque ela pensara assim, porque não poderíamos ser como qualquer outro casal e assinar nosso felizes para sempre nesse vidro embaçado. Não, ela tinha que partir, não queria mais pensar nisso, foram meses de conversas e a decisão dela não mudou. Fico feliz em falar sobre ela sem rancor. Quando ela me disse que não podia continuar e que essa coisa atingiu seus pensamentos de uma maneira sem retorno, fiquei zangado. Chamei ela de egoísta, de vadia, de lunática, mas ela já estava preparada para isso. Tinha tudo calculado. Disse que nosso amor seria eterno em nossas memórias e que a vida nada é se não uma barreira impedindo o desbravamento do infinito. Ela tinha dessas coisas, de procurar pelo o que não conhecia em destinos sem voltas. Que mulher forte essa. No fevor da cama, quando nossos corpos eram um só, no ponto máximo de excitação, ela me disse que queria morrer. Não entendi aquilo muito bem, pensei que era sobre estarmos tão felizes que poderíamos morrer hoje que estaria tudo bem. Ela transou como nunca esse dia, tinha algo a mais no seu charme, nos seus beijos, algo inesquecível. Comecei a chorar, sabia do que ela estava falando, éramos assim, nós como casal, percebíamos as mais simples das coisas em apenas um suspiro. Disse a ela que se ela morresse queria morrer junto, que a vida perderia qualquer significado, mas ela me conhecia bem, sabia que eu iria encarar o tranco e superar. Ela me explicou o rancor que havia desenhado em sua alma em relação a acabar-se, manter um estado indo para outro. Tudo aquilo seria culpa minha? Ela negou, dizia que era algo dela, como algo existencial a ser cumprido. Eu a amava, com todas as minhas forças, precisava deixa-lá ir mesmo sem saber seu objetivo, confiar nela e fazer o seu querer. E foi assim, ela decidiu que iria de táxi até um apartamento no centro da cidade e quando chegasse na hora me ligaria avisando. Eu apenas fiquei olhando aquela pequena gota escorrendo pelo vidro da janela, nem a olhei. O telefone tocou, senti meu coração explodir cem vezes por batida, minha vista ficou embaçada e tive medo. Ela estava chorando, disse que não conseguiu fazer porque não poderia me deixar, não sozinho aqui. Não me contive e gritei com ela, chamei-a de louca. Mas o que era para ser iria acabar sendo. Ela me propôs de ir com ela, se a amasse de verdade. Eu lhe disse que faria qualquer coisa por ela, eu a amava mais do que tudo. Com a arma apontada para cabeça no outro lado da linha telefônica ela iniciou uma contagem regressiva. Você está pronto? Ela me perguntou soluçando. Vamos acabar logo com esse sofrimento. Dez, nove, oito, sete… Obrigada por não desistir de mim… Seis, cinco… Obrigada por fazer isso junto comigo… Quatro, três… Você é um cara incrível… Dois, um… Eu te amo.

Escutei apenas o barulho

de um tiro seco,

o outro ficou

entalado

na minha garganta.

Lei universal de quem é vivo.

(texto pode conter erros e frases confusas com o tema) O vento nem sempre sopra na mesma direção. Eles deviam entender isso. Saber que a água nem sempre precisa estar líquida para molhar. Ter instinto é saber o que fazer na hora certa, sem pensar nas consequências. A maneira de julgar com os olhos eles dominam bem, com palavras são insiguinificantes. A ganância e o orgulho mancharam suas almas, elas agora vivem para desfocar outras. Preciso deles e ao mesmo tempo preciso ficar longe deles, das suas artimanhas, elas que me empurraram para mais baixo ainda. Mas eles nem percebem, eu estou afundando e eles nem percebem. Como diz o pó das estrelas, tudo nesse mundo morre no final, um dia eu também ei de morrer. Nada nesse mundo fere a lei universal, de que somos muito breves, afinal…

Des(organização)

Nuvem cheia da minha chuva.

Caminha e mata essa vontade de
explorar cada canto, cada ponto,
tudo tanto desse mundo sem limite.

Poetize a dor, o sol, as vontades,
as tantas maldades da sociedade,
o vento que nos eleva por entre a cidade
e faz-se redemoinho para bagunçar
toda aquela coisa de ter certeza
de onde se pisa.

Dramatiza, grita, veste um manto diferente
para cada dia passado, anota todo o aprendizado
e rodopia com o som do trânsito parado.                                                                                                                                                      …

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Limites ilimitados.

E quando bate aquela vontade de se jogar de cabeça, mesmo sabendo que o fundo tá perto, que a água é rasa? É quando a gente sente que a vida vale a pena, que o frio na barriga é essencial,  porque é dele que você vai falar na posteridade. 

Você sabe que a chance de se machucar é enorme mas, a vontade da aventura, de testar o limite, é dificil de controlar. I feel like going all in.

Crise psicológica permanente

Antimidia Blog

Quando se tem vinte e poucos anos ver o sol nascer, bêbado e chapado na rua em plena segunda-feira, significa: “eu sou feliz e você não.” Porque o mundo inteiro pode ser dividido em dois: aqueles que são felizes e demonstram isso e aqueles que são rancorosos e enchem o saco. E o Pancada não parava de falar. “Você já imaginou o que ia ser da Gilette se todos os homens do mundo decidissem: nunca mais vamos fazer a barba! Ainda iam ter as mulheres. Verdade. Com certeza iam ter as mulheres.” A mescalina transforma meu cérebro num labirinto, aí fico dando voltas e voltas e mais voltas sem sair do lugar. Tenho medo que o garçom venha me perguntar alguma coisa. Tenho medo que alguém faça algum tipo de contato. “Mas elas usam outras técnicas. Gilette não deixa a perna lisinha.” Isso tudo vai terminar em lugar nenhum.

As…

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Assim

Quero te mostrar as coisas
que me fazem bem

Quero te ver sorrir
e saber que foi por mim

Quero dizer que te amo
sem precisar dizer uma palavra

Quero ir embora
só pra ter por quem voltar

Quero te dizer que a minha vida é meio tumultuada
mas que não tenha medo

Quero te falar das coisas
que aprendi nos discos

E dos sons que me iluminam
Das pessoas que conheci
e o trajeto que escolhi

Tive impulsos que não me orgulham
E dias que não me esqueço

E que

Ultimamente gratidão é pouco
porque, diferente de antes
Mesmo querendo
muitas coisas
sei que o meu maior querer
é ter sutilmente
você.

Pseudo Presença

Se eu posso te dar um conselho, eis aqui: Não mendigue atenção de quem quer que seja. Não se esforce para compartilhar minutos com quem está mais interessado em coisas que não te incluem. Não prolongue a conversa apenas para ter o outro por perto, quando você perceber que precisa se esforçar bastante para que o monólogo vire um diálogo. Esqueça. Prefira a sua solidão genuína à pseudo presença de qualquer pessoa. Ainda digo mais: Perceba que existem pessoas que curtem dividir a atenção contigo sem que você precise desprender esforço algum. Aproveite o que te dão de livre e espontânea vontade. Dispense o que te dão por força do hábito ou por conveniência. Esqueça o que não querem te dar. Cada um dá o que pode.

Noctívagos

Boa noite

Esta noite eu dormirei na chuva
Com o barulho dos rolos compressores
Com o imenso eco das cicatrizes que se rompem
Na chuva desta noite eu dormirei
Boa noite
Boa noite a todos os noctívagos

O vento soprará para o norte os sinos da meia-noite
Com o moleque que mendiga na rua
Com os pneus jogados às margens da estrada
Para o norte seguirão os sinos da meia-noite
Boa noite
Boa noite a todos os noctívagos
Boa noite
Boa noite a todos os solitários

Perdi o sono tantas noites
Caí no espaço dos sonhos da cidade
Caí no abismo de minha autoficção
À beira da loucura perdi o sono
Boa noite
Boa noite a todos os noctívagos

Estou cada vez mais cansado
Um liolino chora do outro lado da parede
Bebi o caldeirão das coisas deste mundo
Cada vez mais cansado

Boa noite
Boa noite a todos os noctívagos
Boa noite
Boa noite a todos os solitários